Os Lusiadas: poema epico de Luiz de Camões

Front Cover
Rolland & Semiond, 1884 - 460 pages
 

Selected pages

Contents

Other editions - View all

Popular passages

Page 3 - Novo reino, que tanto sublimaram: II E também as memórias gloriosas Daquelles Reis, que foram dilatando A Fé, o império; e as terras viciosas De África, e de Ásia andaram devastando: E aquelles, que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando: Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho, e
Page 125 - Do teu Príncipe alli te respondiam As lembranças, que na alma lhe moravam, Que sempre ante seus olhos te traziam, Quando dos teus formosos se apartavam, De noite em doces sonhos, que mentiam, De dia em pensamentos, que voavam: E quanto em fim cuidava, e quanto via, Eram tudo memórias de alegria.
Page 192 - Por meus atrevimentos o castigo. LIX Converte-se-me a carne em terra dura, Em penedos os ossos se fizeram, Estes membros, que vês, e esta figura Por estas longas aguas se estenderam: Em fim, minha grandíssima estatura Neste remoto cabo converteram Os deoses; e, por mais dobradas magoas, Me anda Thetis cercando destas agoas. LX Assi contava,
Page 189 - e amara, Como quem da pergunta lhe pezara: * Eu sou aquelle occulto, e grande Cabo, A quem chamais vós outros Tormentório, Que nunca a Ptolomeo, Pomponio, Estrabo, Plínio, e quantos passaram, fui notório: Aqui toda a Africana costa acabo Neste meu nunca visto promontório, Que para o polo Antárctico se estende, A quem vossa ousadia tanto
Page 128 - triste. cxxx Queria perdoar-lhe o Rei benino, Movido das palavras, que o magoam; Mas o pertinaz povo, e seu destino (Que desta sorte o quiz) lhe não perdoam : Arrancam das espadas de aço fino Os, que por bom tal feito alli apregoam. Contra huma dama, ó peitos carniceiros, Feros vos amostrais, e cavalleiros?
Page 241 - E com forçar o. rosto, que se enfia, A parecer seguro, ledo, inteiro Para o pelouro ardente, que assovia, E leva a perna ou braço ao companheiro. Desta arte, o peito hum callo honroso cria, Desprezador das honras, e dinheiro, Das honras, e dinheiro, que a ventura Forjou, e não virtude justa, e dura.
Page 6 - novo exemplo De amor dos pátrios feitos valorosos, Em versos divulgado numerosos. X Vereis amor da pátria, não movido De prémio vil, mas alto, e quasi eterno; Que não he prémio vil ser conhecido Por hum pregão do ninho meu paterno. Ouvi: vereis o nome engrandecido Daquelles, de quem sois senhor superno: E julgareis, qual he mais
Page 185 - temerosa vinha, e carregada, Que pôz nos corações hum grande medo: Bramindo o negro mar de longe brada, Como se desse em vão n'algum rochedo. O' Potestade, disse, sublimada! Que ameaço divino, ou que segredo Este clima, e este mar nos apresenta, Que mor cousa parece, que
Page 336 - enseada Curva e quieta, cuja branca área Pintou de ruivas conchas Cytherea. LIV Três formosos outeiros se mostravam Erguidos com soberba graciosa, Que de gramíneo esmalte se adornavam, Na formosa ilha alegre, e deleitosa: Claras fontes, e límpidas manavam Do cume, que a verdura tem viçosa: Por entre pedras alvas ,se deriva A sonorosa
Page 167 - XCVII A que novos desastres determinas De levar estes reinos, e esta gente? Que perigos, que mortes lhe destinas Debaixo d'algum nome preeminente? Que promessas de reinos, e de minas D'ouro, que lhe farás tão facilmente? Que famas lhe prometterás ? que historias ? Que triumphos ? que palmas ? que victorias ? XCVIII Mas ó tu geração d'aquelle insano, Cujo peccado,

Bibliographic information