Romanceiro geral

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Teófilo Braga
Imprensa da Universidad, 1867 - 224 pages
 

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Page 97 - Esse cavalleiro, amigo, Morto está n'esse pragal, Com as pernas dentro d'agua, O corpo no areal. Sete feridas no peito A qual será mais mortal: Por uma lhe entra o sol, Por outra lhe entra o luar, Pela mais pequena d'ellas Um gavião a voar.
Page 118 - Esta terra sei que é minha, Mas eu não a conhecia; Na minha terra, senhor, Cantam gallos á porfia, Ladram cães, repicam sinos Logo ao despontar do dia. Assombrado o sarraceno Do que do christão ouvia, Sem mais pergunta fazer-lhe Da corrente o desprendia. — Ergue-te, christão, perdoa-me Todo o mal que eu te fazia ; Até hoje eras meu escravo, Teu escravo sou n'este dia!
Page 192 - Si mi padre me buscare, que grande bien me quería, digan que amor me lleva, que no fue la culpa mía: tal tema tomó comigo que me venció su porfía. ¡Triste no sé a do vó, ni nadie me lo decía!
Page 65 - Acima, acima, gajeiro, Acima ao tope real! Olha se enxergas Espanha, Areias de Portugal. — Alvíssaras, capitão, Meu capitão general! Já vejo terras de Espanha, Areias de Portugal; Mais enxergo três meninas Debaixo de um laranjal: Uma sentada a coser, Outra na roca a fiar, A mais formosa de todas Está no meio a chorar. — Todas três são minhas filhas, Oh! Quem mas dera abraçar! A mais formosa de todas contigo a hei-de casar. — A vossa filha não quero, Que vos custou a criar.
Page 100 - Para as tabulas jogar. Os dados tinha na mão, Que já os ia deitar, Senão quando vem seu tio Que lhe entra a pelejar: — «Para isso és, Gaifeiros, Para os dados arrojar; Não para ir tomar damas, Com a moirisma jogar. Tua esposa lá têm moiros, Não a sabes ir buscar; Outrem fora seu marido, Já lá não havia estar.
Page 121 - Senhor de todo o meu estado. — Eu não quero ser judio, E nem turco arrenegado, • E não quero ser senhor De todo esse teu estado, Porque trago no meu peito A Jesus crucificado.
Page 204 - ¡Oh Valencia, oh Valencia, de mal fuego seas quemada! Primero fuiste de moros que de cristianos ganada. Si la lanza no me miente, a moros serás tornada...
Page 72 - Venham algoz e cutello, Respondeu o accusado: Mas antes morrer mil vezes Qije viver envergonhado. Agora ouvireis o velho, O bom velho do soldado: — Fazeis, bom rei, má justiça, Mau feito tendes julgado ; Primeiro casar com ella, E depois ser degollado. Lava-se a honra com sangue, Mas não se lava o peccado.
Page 27 - ... tia, Que eu aqui mandei estar? « A tua armada, sobrinho, Mandou-a o fronteiro ao mar. —Que é do meu cavallo, tia, Que eu aqui deixei ficar? « O teu cavallo, sobrinho, El-rei o mandou tomar ! — Que é da minha dama, tia, Que aqui ficou a chorar?
Page 95 - Contaram e recontaram, Só um lhe vinha a faltar ; Era esse Dom Beltrão, Tão forte no batalhar ; Nunca o acharam de menos Senão n'aquelle contar, Senão ao passar do rio, Nos portos de mal passar.

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