O episodio de D. Inez de Castro: excerpto do canto III dos Lusiadas

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Lallemant frères, 1875 - 15 pages
 

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Popular passages

Page 4 - Passada esta tão próspera victoria, Tornado Affonso á Lusitana terra A se lograr da paz com tanta gloria, Quanta soube ganhar na dura guerra; O caso triste e digno de memoria, Que do sepulcro os homens desenterra, Aconteceo da misera e mesquinha Que despois de ser morta foi Rainha.
Page 10 - Põe-me onde se use toda a feridade, Entre leões e tigres; e verei Se n'elles achar posso a piedade, Que entre peitos humanos não achei: Alli co'o amor intrinseco, e vontade N'aquelle por quem mouro, criarei Estas reliquias suas, que aqui viste, Que refrigerio sejam da mãi triste.
Page 10 - E se, vencendo a Maura resistencia, A morte sabes dar com fogo e ferro , Sabe tambem dar vida com clemencia A quem para perde-la não fez erro...
Page 12 - Queria perdoar-lhe o Rei benino, Movido das palavras, que o magoam; Mas o pertinaz povo e seu destino (Que desta sorte o quiz) lhe não perdoam. Arrancam das espadas de aço fino Os que por bom tal feito ali apregoam.
Page 8 - Se já nas brutas feras, cuja mente Natura fez cruel de nascimento; E nas aves agrestes, que somente Nas rapinas aerias tem o intento ; Com pequenas crianças vio a gente Terem tão piedoso sentimento, Como co'a mãi de Nino ja mostraram, E co' os irmãos que Roma edificaram ; O...
Page 14 - Bem puderas, ó Sol, da vista destes, Teus raios apartar aquelle dia, Como da seva mesa de Thyestes, Quando os filhos por ma"o de Atreo comia!
Page 14 - Assi como a bonina, que cortada Antes do tempo foi, candida e bella, Sendo das mãos lascivas maltratada Da menina, que a trouxe na capella, O cheiro traz perdido, ea cor murchada; Tal está morta a pallida donzeUa, Seccas do rosto as rosas, e perdida A branca e viva cor, co
Page 4 - Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruito, Naquele engano da alma, ledo e cego, Que a Fortuna não deixa durar muito, Nos saudosos campos do Mondego, De teus formosos olhos nunca enxuito, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome que no peito escrito tinhas.
Page 4 - Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga.
Page 10 - Ó tu, que tens de humano o gesto eo peito (Se de humano é matar uma donzela, Fraca e sem força, só por ter sujeito O coração a quem soube vencê-la...

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