Cancioneiro de Coimbra: em que se contêm poesias portuguesas, & nos saudosos campos inspiradas, desde o seculo XV até aos nossos tempos, com uma sylva de romances & cantigas tradicionais; escolhidas por Affonso Lopes Vieira

Front Cover
França Amado, 1918 - 146 pages
 

Selected pages

Other editions - View all

Popular passages

Page 34 - Põe-me, onde se use toda a feridade, Entre leões e tigres ; e verei, Se nelles achar posso a piedade, Que entre peitos humanos não achei : Alli co'o amor intrínseco, e vontade Naquelle, por quem mouro, criarei Estas reliquias suas, que aqui viste ; Que refrigerio sejam da mãi triste.
Page 32 - Naquele engano da alma, ledo e cego, Que a Fortuna não deixa durar muito, Nos saudosos campos do Mondego, De teus formosos olhos nunca enxuito, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome que no peito escrito tinhas.
Page 36 - Assi como a bonina, que cortada Antes do tempo foi, candida e bella, Sendo das mãos lascivas maltratada Da menina, que a trouxe na capella, O cheiro traz perdido, ea cór murchada; Tal está morta a pallida donzella, Seccas do rosto as rosas, e perdida A branca e viva cór, co
Page 34 - Se já nas brutas feras, cuja mente Natura fez cruel de nascimento; E nas aves agrestes, que somente Nas rapinas aerias tem o intento ; Com pequenas crianças vio a gente Terem tão piedoso sentimento, Como co'a mãi de Nino ja mostraram, E co' os irmãos que Roma edificaram ; O...
Page 36 - As filhas do Mondego a morte escura Longo tempo chorando memoraram, E, por memória eterna, em fonte pura As lágrimas choradas transformaram.
Page 40 - De que os meus tomam luz, e tomam vida? Não posso cuidar nisto, sem os olhos Mostrarem a saudade, que me fazem Tão tristes pensamentos. Viviremos Muitos annos, e muitos; viviremos Sempre ambos nesfamor tão doce, e puro.
Page 35 - Qual contra a linda moça Policena, Consolação extrema da mãe velha, Porque a sombra de Aquiles a condena, Co ferro o duro Pirro se aparelha; Mas ela, os olhos, com que o ar serena (Bem como paciente e mansa ovelha), Na mísera mãe postos, que endoudece, Ao duro sacrifício se oferece...
Page 22 - Que tenção todos tomastes A' terra que me criou De que tanto praguejastes ? Por que ? Que vos acoutou Da peste com que i chegastes. Fostes mal agasalhados ? Não, certo, que té as fazendas Vos davão parvos honrados. Pois, por que ? Porque os privados Tínheis longe vossas rendas ? O que eu por parcialidade Nem outros respeitos digo : Da antiga e nobre cidade Som natural, som amigo, Som porem mais da verdade.
Page 33 - Tirar Inês ao mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preso, Crendo co sangue só da morte indina Matar do firme amor o fogo aceso.
Page 34 - Fraca e sem força, só por ter sujeito O coração a quem soube vencê-la), A estas criancinhas tem respeito, Pois o não tens à morte escura dela; Mova-te a piedade sua e minha, Pois te não move a culpa, que não [tinha.

Bibliographic information